Como você lida com suas limitações?

É impressionante como frequentemente ocorre-me de aparecer algo ou alguém um pouco depois de eu ter pensado no fato ou na pessoa dias antes. Meu amigo Rizzardo foi prova de alguns desses acontecimentos, me pedindo até que caso os números da mega sena tivessem a sua aparição nessa cabecinha inquieta e pululante, que eu lhe dissesse para ele apostar neles.

O rascunho do post já estava escrito quando dias depois me deparei com esse vídeo mandado pelo meu amigo e engenheiro Cyro, o cara que tá responsável pelas obras do túnel, figurassa, colorado que entende muito de futebol, ou melhor, como ele mesmo diz, sabe observar bem sem se infectar pela emoção.

Voltando ao post, estava lendo um belo livro chamado “Breve História de Quase Tudo” de Bill Bryson, aonde tem informações um tanto perturbadoras sobre a vida na Terra, quanto mais a vida do homem. Ao que parece a vida das espécies individualmente é algo raro e passageiro, muito passageiro. Como consta no livro : “(…) qualquer que seja o real (porcentagem), 99,99% de todas as espécies que já viveram não estão mais conosco. “Numa primeira aproximação”, como gosta de dizer David Raup, da Universidade de Chicago, “todas as espécies estão extintas”. Para organismos complexos, o tempo de duração médio de uma espécie são apenas 4 milhões de anos – mais ou menos onde estamos agora”.

A diferença entre nós e os demais organismos complexos, é que somos os únicos capazes a destruir a nossa própria vida, ou seja, nos autoextinguir. Não obstante a isso, a vida muitas vezes parece fadada a acontecer, independentemente das ambições, nós como humanos as vezes não conseguimos conceber essa idéia, continuando no mesmo livro o autor observa quando fala dos líquens: “Tendemos a ignorar esse pensamento de que a vida simplesmente existe. Como seres humanos, estamos propensos a achar que ela precisa de um objetivo. Temos planos, aspirações e desejos. Queremos aproveitar ao máximo a existência embriagante de que fomos dotados. Mas o que é a vida para um líquen? Todavia, seu impulso por existir, por ser, é tão forte quanto o nosso – possivelmente até mais forte. Se eu fosse informado de que teria de passar décadas como uma cobertura felpuda de uma rocha na floresta, acho que perderia a motivação para continuar vivendo. Os liquens não perdem. Como quase todo o ser vivo, eles sofrerão qualquer adversidade, agüentarão qualquer insulto, por um momento de existência adicional.”

Isso, porque como no livro mesmo diz, os liquens precisam geralmente de meio século para ficar do tamanho de um botão de uma camisa, e simplesmente existe, mais nada, em compensação agüentam muitas adversidades o que vem lhe concedendo um grande tempo de existência na história geológica da Terra.

Mas voltando a nossa vida, o pensamento é o seguinte: como lidar com as nossas limitações? Como enfrentar a certeza de que não podemos ter ou ser tudo o que queremos? Se pudéssemos, como no filme Matrix, simplesmente plugar um cabo na nossa nuca e em poucos minutos ou horas virar um mestre das artes marciais, ou da culinária, ou do violão, ou de qualquer coisa, como seria? Estranho é claro, filosofando com a ficção, obviamente a maioria das coisas que queremos o caminho faz parte da satisfação, da felicidade, mas isso não exclui as recusas que temos que fazer pois o tempo que dedicamos a algo é limitado, bem limitado.

Então para quê e para quem nós vivemos é algo a ser meditado, porque não podemos ser tudo e nem liquens…

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