Senso de coletividade

As vezes eu pareço o antigo personagem Saraiva, do “pergunta idiota tolerância zero”. Contudo não tenho esse comportamento quanto as perguntas idiotas, mas quanto a falta de senso de coletividade das pessoas. Cada dia no trânsito eu vejo vários exemplos de pessoas que agem como me disse um taxista: “estão indo, não estão dirigindo, não estão vendo quem está na frente, quem está atrás ou dos lados, estão indo a sua vontade.”

Passamos o réveillon em Porto de Galinhas e no primeiro dia estava todo mundo mais contido. No café da manhã tinha um canto reservado para pegar tapiocas feitas na hora por uma paciente menina bem magrinha. Munida de duas frigideiras ela fazia deliciosas tapiocas em menos de 2 minutos e todo mundo ficava feliz. Só que descobriram que além das tapiocas ela fazia também omelete, e nesse procedimento além do tempo de preparo ser maior, engordurava a frigideira que precisava ser limpa para serem feitas as tapiocas novamente. Até aí tudo bem, mas já no dia 1° de 2012, as pessoas, ao invés de civilizadamente entrar na fila para pedir 1 ou 2 tapiocas, ou omeletes e se servirem elas pediam 3 omeletes, 3 tapiocas, quando não deixavam as crianças na fila para fazer essa função. Resultado: a fila ficava grande e demorava um tempão para conseguir uma tapioca. Parece exagero da minha parte, mas não é. É como nos caixas eletrônicos aqui de Porto Alegre. No caixa do Banco do Brasil do Zaffari as pessoas não se dão conta que aquilo não é uma agência bancária e levam uma tonelada de conta para pagar enquanto as pessoas precisam de dinheiro para pegar um táxi, etc. Uma vez na vida um rapaz teve a sensibilidade de pagar 2 ou 3 contas, ir para o fim da fila e terminar de pagar as suas contas quando chegou novamente. Esse cara eu tive que elogiar na frente de todo mundo. As pessoas acreditam que por ter o direito de fazer as coisas elas podem fazer e que se dane os outros. Outra de Porto de Galinhas foi quando fomos à Praia dos Carneiros. Para chegar e sair da praia é necessário embarcar num catamarã que eles chamam os barcos de lá. Como o passeio era pela agência, todos tinha hora para estarem nos barcos para todos irem junto. O barco ao lado (e consequentemente nós) tivemos que esperar 30 minutos porque um casal simplesmente chegou 30 minutos depois. Outros entraram no barco errado, enfim, falta de senso de coletividade. A última, e talvez a que mais me irrita é no embarque do avião. As pessoas ficam mais de 30 minutos no saguão de embarque antes de se formar a fila para embarcar no avião e não são capazes de ir ao banheiro. Aí quando começa o embarque ao invés de acomodarem de uma vez as bagagens de mão e sentar porque tem mais de 100 pessoas querendo entrar no avião também, ficam trancando o corredor, ou então vão ao banheiro! Eu e a Michelle com o Mateus no colo, mais 2 malas de mão cada um demoramos 10 segundos, 10 segundos para posicionar os nossos pertences, sentar e ficar quietinho ali. Aí eu fiquei observando as pessoas colocando as bagagens em cima, sentando, levantando, tirando alguma coisa dali de cima e enquanto isso um monte de gente esperando. Outras indo no contra fluxo porque foram ao banheiro. As vezes eu fico pensando que deve ter tido intervenção Divina para o homem evoluído das cavernas, porque se fosse por suas próprias forças ainda estaríamos esfregando pauzinhos para fazer fogo.

Deixe um comentário