Um estacionamento de 247,80 reais

Como diria o célebre GM de xadrez, Savielly Tartakower: “Os erros estão todos aí… a espera de serem feitos.”

Quarta feira dia 13 de julho parece que eu estava fadado a cometer um deles. O dia começou já chato porque tive que ligar para a veterinária com o objetivo de programar a eutanásia da minha gata de estimação que estava com câncer de pele alastrado por todo o corpo. Ela estava ao meu lado enquanto eu falava ao telefone com a Veterinária perguntando se tinha a possibilidade de ela morrer naturalmente sem eu precisar tomar essa triste decisão. A resposta foi negativa, ela dificilmente morreria da noite pro dia, a tendência é que ela iria definhar até a morte e então o melhor mesmo era sacrificá-la. Até aí tudo bem. Depois, foi chegando perto das 19 hs e eu ao invés de me mexer para ir ao treino me senti sonolento, algo estranho que me tirou a vontade de ir e então pensei em ir ao vôlei para pelo menos fazer algum esporte no dia. E eu estava com vontade de jogar a contragosto da Mi que teria que ficar em casa para cuidar do pequeno.

Fui. Eu não estava conseguindo encaixar meu jogo, fazia tempo que eu não jogava. Era o dia do jogo da seleção contra o Equador eu acho (o único que ele ganhou), e o responsável pela quadra esqueceu de dar o apito as 22 horas. Já eram quase 22:30, estava chovendo eu tinha que pegar o meu carro no Zaffari e colocar em um estacionamento porque as vagas de casa estava ocupadas pelo carro da Mi e o da empresa. Fui no que eu sempre vou mas não tinha vaga. Deixei na rua mesmo e subi. A Mi estava no quarto arrumando o guarda roupas, nem me viu entrar e eu pouco fiquei e disse que iria descer para procurar outro estacionamento para não ter que deixar na rua. Fui-me sem celular sem nada, só de camisa, jaqueta e chinelo de dedo. Eis que eu vi um portão de estacionamento aberto, que eu achava que não era 24 horas, e não era mesmo! Assim que eu entrei um senhor que estava saindo fechou o portão e eu fiquei preso lá dentro. Putz!! E agora?? Sem celular, sem papel e caneta, sem nada… e o pior é que eu nem podia dormir dentro do carro senão a Mi ia desconfiar da minha demora e ia ligar pra polícia. Bem, primeiramente tratei de estacionar o carro e buzinar pra ver se realmente não tinha ninguém. Depois do insucesso coloquei numa vaga melhor e saí gritando “Ô Viziiiinho!” por toda a volta. Nada. De um lado um casarão, de outro um prédio, atrás outro prédio mas com o acesso difícil. Com o relógio correndo comecei a pensar nas possibilidades de fuga e azar o carro. Não era difícil de pular para o lado da casa, mas o brabo era descobrir como eu ia sair dela depois isso se não tivesse alguém armado para me alvejar. O lado do prédio eu não conseguia ver direito, mas tinha uma caixa d’água pedindo pra eu subir nela. Olhei e pensei “Ela não vai suportar o meu peso”. Olhei de novo, coloquei as duas mãos no tampo e forcei e decidi subir com “jeitinho”. E consegui! Estava eu lá olhando para o pátio do prédio, pensando se ia ter alguém, se seria fácil sair dali depois, e no meio dessas conjecturas TCHHBUUM!! A tampa da caixa d’água quebra e eu caio com tudo dentro uahuahuah. Não me feri muito mas tratei de sair de dentro dela logo. A comitragédia estava formada. Bem, eu não tinha olhado o portão frontal ainda. O quão difícil era de pular ou forçar. Aproximei-me e vi que um detector me notou mas o alarme ao invés de disparar fez apenas um sibilo fino contínuo. Será que tem alguma empresa de vigilância? Seria uma boa naquela altura. Mas imaginei que não. O portão frontal além de alto era municiado de arames farpados e outros elétricos, então eu estava bem arranjado no intento. Subi até uma parte que dava para colocar os pés numa chapa fina que quase partiu meu chinelo de dedo em dois para depois de estar lá em cima ver a minha carteira cair. Aff… Antes de descer insanamente testei com o dorso da mão se a certa elétrica realmente estava ligada e vi que não. Ufa! Pelo menos algo.

Aí sim, segunda subida, essa com tudo certo, mas antes de passar para o outro lado eu ainda tentei acenar para alguém, chamar o Pio, famoso morador de rua q está sempre por ali e se encontrava dormindo num restaurante a frente mas nada. Tomei a decisão e então fui passando para o outro lado, parecendo um lençol no varal todo desengonçado e até que consegui depois de algumas escoriações devido aos arames farpados. Segui rápido para casa com o numero de celular gravado na cabeça para ligar para o dono do lugar no primeiro momento mas imaginem a cara da Michelle me ver chegar todo estropiado, sujo, molhado e indo direto para o telefone. Logicamente o dono do estacionamento ficou p. da vida comigo. E o pior é que só abria as 9 e eu precisava estar sem falta as 8:30 na UFRGS o que fazer? Fui obrigado a ficar de campana na frente do estacionamento até ter a sorte de alguém abrir o portão mais cedo e foi o que aconteceu. Um jovem casal entrou e logo fechou e eu tive que correr para entrar me abaixando para o susto deles. Expliquei a situação e consegui tirar o carro. Já no caminho o dono do estacionamento me ligou e enfim marcamos de nos encontrar para eu pagar o prejuízo da sua caixa d’água danificada.

2 Respostas para “Um estacionamento de 247,80 reais

  1. Lembro muito dessa noite que susto! Enquanto tu pensava em como escapar do estacionamento, eu em casa pensava para quem ligar para te procurar, polícia ou pochila(rsrs)? Vivi? Enfim, ainda bem que deu tudo certo.

  2. RSrs… nem me fale, eu lembro bem também…

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