Galinhas…

Quando eu era bem pequeno, o suficiente para não me lembrar dessa história, e só saber dela por relatos familiares, eu chorava a cada vez que a minha mãe ia preparar uma galinha. Mesmo o bicho (ou bisss como diz o querido Mateus) estando ali morto, depenado, eu caia em lágrimas sempre que via a minha mãe de faca em punho com a galinha a sua frente. Desde quando eu lembro das coisas até meus 18 anos, meus hábitos alimentares foram pra lá de curiosos, para não dizer que eu era fresco. Nada podia conter cebola, nem mesmo triturada, molhos, enfim, eu comia bife, arroz branco e completamente branco e batatas fritas… ah.. e galinha… sempre comi galinha, asas, coxas, peito, uma delícia.

Voltei a lembrar que realmente amo comer galinha quando procurávamos ouro nas minas do Arroio Bossoroca e a Dona Clarinda fazia uma galinhada com arroz espetacular. Ela fazia tipo “bem molhadão” como pedia o Lenzi, onde as partes da galinha e o arroz praticamente boiavam num caldo delicioso, que quando era acrescentado queijo ralado fazia um estrago no estômago de tanto comer além da vontade saciada. De fato a minha mãe sempre cozinhou muito bem, e reconheço que o arroz com galinha dela que se caracteriza por um caldo alaranjado também ultra saboroso é quase imbatível. E nisso que eu pensava quando a minha namorada preparava ontem um arroz com galinha: será que terá como ficar a altura do da mama? Ficou! O dela ficou avermelhado, com um salgado diferente, ainda por cima que a covarde acrescentou um pouco de vinho… nossa,.. estou até agora com aquele sabor na “RAM”.

Voltando ao começo, logicamente eu não choro mais quando vejo uma galinha sendo preparada, mas também não tenho coragem de matá-la quando lá na Amazônia tínhamos que fazer isso para depois prepará-la. E honestamente até hoje o cheiro quando ela está sendo preparada não me apetece. Não acho certo comer galinha. Adoro, amo, mas não acho certo. Estava conversando com uma veterinária que é vegetariana, que viu vários animais sendo abatidos, e que dali em diante tinha virado vegetariana. Concordo com ela sem precisar ver os animais sendo abatidos. Uma bióloga que estava ao nosso lado disse que se pensarmos assim, nem mesmo os vegetais podem ser comidos porque também estamos tirando alguma vida, mesmo eles não expressando a dor. É verdade, e eu ao meu turno falaria dos minerais? Não é pra tanto, o que vale é a consciência de cada um. Esse é o ponto. O que falta para você ser o ideal que imagina? Disciplina? Geralmente sim. Claro que muitas e muitas vezes só disciplina não adianta, até porque o ideal é impossível de ser atingido, mas porque não fazemos exatamente o que a nossa consciência nos diz? Amo comer galinhas, mas não acho certo. O certo deveria prevalecer e não a minha vontade. Geralmente inventamos desculpas para permitir as nossas vontades, eu dizia que meu metabolismo é muito acelerado e por praticar muitos esportes eu precisava comer carne! Preciso de galinha! Até ler o livro “Nascidos para correr” e ver que ultramaratonistas, que correm mais de 80 km em condições climáticas que a maioria da população não agüentaria sequer ficar parado possuem dietas vegetarianas.

Esse post está muito grande já. Eu pretendia entrar em outra seara, de porque algumas coisas que não são certas a nossa consciência nos diz que são “mais” ou “menos” certas que outras. Mas essa vai ficar pra próxima. Por enquanto termino dizendo que falando em consciência, mesmo não achando certo, não me imagino não comendo mais galinha nessa vida.

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