A Religião e a Religiosidade

céu

Eu sempre disse que existe uma grande diferença entre a religião e a religiosidade. Mas para minha grata surpresa escutei isso de um professor da UFRGS que eu admiro e tive a o prazer de almoçar junto com ele esses dias. Ele estava explicando que a consciência do “divino” veio antes do advento da agricultura e das cidades. Ou seja, o homem quando ainda era nômade já construíra templos para fazer reuniões, como se a crença em Deus estivesse ligada aos primeiros lampejos de consciência do nosso “default”. Foi a descoberta destes templos muito antigos que contrariou o paradigma que do homem caçador e nômade teria vindo a agricultura e depois os rituais religiosos. Detalhe que o professor este que me refiro é ateu. De todas as funções ou objetivos das religiões, para mim, só um é e sempre será o mais importante nesse mundo: tornar as pessoas melhores. Eu tenho vários outros amigos ateus como esse professor e todos eles são pessoas que não são egoístas, se preocupam com os outros, não são imediatistas, não questionam, desdenham ou criticam a minha religião. Como eu costumo dizer: “são ateus mais cristãos do que muito cristão que eu conheço”.  Eles aparentam uma tranquilidade que no caso de “passarem para o outro lado” e se depararem com um ser todo de branco estilo médico de Nosso Lar não vão entrar em choque por não ser a realidade que esperavam, porque simplesmente estão preocupados em ser bons no aqui e agora. É exatamente isso que a meu ver é o maior pecado dos dirigentes das religiões. Eles estão mais preocupados em disseminar a fé, em construir potências, templos e se esquecem do que para mim é o mais importante: tornar as pessoas melhores. Agora vem essa do papa, entra papa, sai papa e o papo é sempre o mesmo: um mês de assunto na mídia e a herança de mesmos conceitos arraigados e atrasados do tipo “o amor deve ser feito só para a procriação”. Queria saber aonde entram o amor dos estéreis nesta concepção.

Senso de coletividade

As vezes eu pareço o antigo personagem Saraiva, do “pergunta idiota tolerância zero”. Contudo não tenho esse comportamento quanto as perguntas idiotas, mas quanto a falta de senso de coletividade das pessoas. Cada dia no trânsito eu vejo vários exemplos de pessoas que agem como me disse um taxista: “estão indo, não estão dirigindo, não estão vendo quem está na frente, quem está atrás ou dos lados, estão indo a sua vontade.”

Passamos o réveillon em Porto de Galinhas e no primeiro dia estava todo mundo mais contido. No café da manhã tinha um canto reservado para pegar tapiocas feitas na hora por uma paciente menina bem magrinha. Munida de duas frigideiras ela fazia deliciosas tapiocas em menos de 2 minutos e todo mundo ficava feliz. Só que descobriram que além das tapiocas ela fazia também omelete, e nesse procedimento além do tempo de preparo ser maior, engordurava a frigideira que precisava ser limpa para serem feitas as tapiocas novamente. Até aí tudo bem, mas já no dia 1° de 2012, as pessoas, ao invés de civilizadamente entrar na fila para pedir 1 ou 2 tapiocas, ou omeletes e se servirem elas pediam 3 omeletes, 3 tapiocas, quando não deixavam as crianças na fila para fazer essa função. Resultado: a fila ficava grande e demorava um tempão para conseguir uma tapioca. Parece exagero da minha parte, mas não é. É como nos caixas eletrônicos aqui de Porto Alegre. No caixa do Banco do Brasil do Zaffari as pessoas não se dão conta que aquilo não é uma agência bancária e levam uma tonelada de conta para pagar enquanto as pessoas precisam de dinheiro para pegar um táxi, etc. Uma vez na vida um rapaz teve a sensibilidade de pagar 2 ou 3 contas, ir para o fim da fila e terminar de pagar as suas contas quando chegou novamente. Esse cara eu tive que elogiar na frente de todo mundo. As pessoas acreditam que por ter o direito de fazer as coisas elas podem fazer e que se dane os outros. Outra de Porto de Galinhas foi quando fomos à Praia dos Carneiros. Para chegar e sair da praia é necessário embarcar num catamarã que eles chamam os barcos de lá. Como o passeio era pela agência, todos tinha hora para estarem nos barcos para todos irem junto. O barco ao lado (e consequentemente nós) tivemos que esperar 30 minutos porque um casal simplesmente chegou 30 minutos depois. Outros entraram no barco errado, enfim, falta de senso de coletividade. A última, e talvez a que mais me irrita é no embarque do avião. As pessoas ficam mais de 30 minutos no saguão de embarque antes de se formar a fila para embarcar no avião e não são capazes de ir ao banheiro. Aí quando começa o embarque ao invés de acomodarem de uma vez as bagagens de mão e sentar porque tem mais de 100 pessoas querendo entrar no avião também, ficam trancando o corredor, ou então vão ao banheiro! Eu e a Michelle com o Mateus no colo, mais 2 malas de mão cada um demoramos 10 segundos, 10 segundos para posicionar os nossos pertences, sentar e ficar quietinho ali. Aí eu fiquei observando as pessoas colocando as bagagens em cima, sentando, levantando, tirando alguma coisa dali de cima e enquanto isso um monte de gente esperando. Outras indo no contra fluxo porque foram ao banheiro. As vezes eu fico pensando que deve ter tido intervenção Divina para o homem evoluído das cavernas, porque se fosse por suas próprias forças ainda estaríamos esfregando pauzinhos para fazer fogo.

O “mop” o oito invertido e a dedicação no trabalho

Somos todos iguais. Apesar de nascidos e criados em diferentes lugares e condições, a capacidade humana ultrapassa até mesmo os limites do corpo físico. A pouco vi uma reportagem de uma maratonista que melhorou o seu tempo de prova com uma prótese na perna depois de estar comprovado cientificamente que nenhuma prótese das atuais supera uma perna humana em termos de desempenho.

Esses dias, num sábado de sol, eu fui limpar a casa que estava precisando de uma geral. Fui estrear o mop que havia comprado a algum tempo mas não tinha usado ainda. O mop é um esfregão que lembra os cabelos da Emília do Sítio do Pica Pau amarelo. Esse esfregão eu tinha utilizado a mais de 10 anos atrás, quando antes de eu estudar Geologia, trabalhava no Cinemark do Bourbon da Ipiranga. Ganhava menos de um salário mínimo na época (R$ 136,00) e uma das minhas funções era justamente limpar o vasto hall entre outros vastos corredores e pisos do cinema com aquela “ferramenta de trabalho”. Antes da inauguração do cinema todos os funcionários em vias de serem contratados passaram por um treinamento teórico de algumas semanas.

Essa introdução toda é pra dizer que a melhor forma de se usar um esfregão do tipo mop é fazer um “oito invertido” ou um símbolo do infinito, como queiram, para abranger uma maior área e melhor aproveitar cada vassourada. Lembro que eu seguia essa sugestão com a consciência de que era a melhor forma de limpar o que eu confirmei passados mais de 10 anos quando fui limpar o chão de casa. O que importa é que eu fazia com dedicação, mesmo sabendo que não ia mudar em nada no meu salário, que a minha intenção não era ser promovido (na real não sabia ainda o que queria da vida). Eu simplesmente trabalhava bem porque achava que era o certo, independente do quanto aquele trabalho valia. Eu comecei a escrever isso faz tempo e interrompi por causa de compromissos mais importantes, mas hoje retomei ao ver um programa na televisão aonde o dono de uma grande empresa de entretenimento se disfarçou de funcionário para ver o dia a dia dos seus funcionários das escalas mais baixas, desde a mão de obra mais simples. Ele ficou surpreendido com a importância que os seus funcionários davam para o seu trabalho, e aprendeu muito com aquilo. A compensação da dedicação e do trabalho bem feito é intangível. Não conseguimos mensurar o quanto isso nos fortalece e nos favorece muitas vezes por sermos imediatistas e achar que somente os resultados pontuais são verídicos. Mas a atitude da pessoa dedicada é muito mais do que um modo de ter sucesso na vida, é uma filosofia que une o prazer do trabalho com a tranqüilidade de dever cumprido.

Um estacionamento de 247,80 reais

Como diria o célebre GM de xadrez, Savielly Tartakower: “Os erros estão todos aí… a espera de serem feitos.”

Quarta feira dia 13 de julho parece que eu estava fadado a cometer um deles. O dia começou já chato porque tive que ligar para a veterinária com o objetivo de programar a eutanásia da minha gata de estimação que estava com câncer de pele alastrado por todo o corpo. Ela estava ao meu lado enquanto eu falava ao telefone com a Veterinária perguntando se tinha a possibilidade de ela morrer naturalmente sem eu precisar tomar essa triste decisão. A resposta foi negativa, ela dificilmente morreria da noite pro dia, a tendência é que ela iria definhar até a morte e então o melhor mesmo era sacrificá-la. Até aí tudo bem. Depois, foi chegando perto das 19 hs e eu ao invés de me mexer para ir ao treino me senti sonolento, algo estranho que me tirou a vontade de ir e então pensei em ir ao vôlei para pelo menos fazer algum esporte no dia. E eu estava com vontade de jogar a contragosto da Mi que teria que ficar em casa para cuidar do pequeno.

Fui. Eu não estava conseguindo encaixar meu jogo, fazia tempo que eu não jogava. Era o dia do jogo da seleção contra o Equador eu acho (o único que ele ganhou), e o responsável pela quadra esqueceu de dar o apito as 22 horas. Já eram quase 22:30, estava chovendo eu tinha que pegar o meu carro no Zaffari e colocar em um estacionamento porque as vagas de casa estava ocupadas pelo carro da Mi e o da empresa. Fui no que eu sempre vou mas não tinha vaga. Deixei na rua mesmo e subi. A Mi estava no quarto arrumando o guarda roupas, nem me viu entrar e eu pouco fiquei e disse que iria descer para procurar outro estacionamento para não ter que deixar na rua. Fui-me sem celular sem nada, só de camisa, jaqueta e chinelo de dedo. Eis que eu vi um portão de estacionamento aberto, que eu achava que não era 24 horas, e não era mesmo! Assim que eu entrei um senhor que estava saindo fechou o portão e eu fiquei preso lá dentro. Putz!! E agora?? Sem celular, sem papel e caneta, sem nada… e o pior é que eu nem podia dormir dentro do carro senão a Mi ia desconfiar da minha demora e ia ligar pra polícia. Bem, primeiramente tratei de estacionar o carro e buzinar pra ver se realmente não tinha ninguém. Depois do insucesso coloquei numa vaga melhor e saí gritando “Ô Viziiiinho!” por toda a volta. Nada. De um lado um casarão, de outro um prédio, atrás outro prédio mas com o acesso difícil. Com o relógio correndo comecei a pensar nas possibilidades de fuga e azar o carro. Não era difícil de pular para o lado da casa, mas o brabo era descobrir como eu ia sair dela depois isso se não tivesse alguém armado para me alvejar. O lado do prédio eu não conseguia ver direito, mas tinha uma caixa d’água pedindo pra eu subir nela. Olhei e pensei “Ela não vai suportar o meu peso”. Olhei de novo, coloquei as duas mãos no tampo e forcei e decidi subir com “jeitinho”. E consegui! Estava eu lá olhando para o pátio do prédio, pensando se ia ter alguém, se seria fácil sair dali depois, e no meio dessas conjecturas TCHHBUUM!! A tampa da caixa d’água quebra e eu caio com tudo dentro uahuahuah. Não me feri muito mas tratei de sair de dentro dela logo. A comitragédia estava formada. Bem, eu não tinha olhado o portão frontal ainda. O quão difícil era de pular ou forçar. Aproximei-me e vi que um detector me notou mas o alarme ao invés de disparar fez apenas um sibilo fino contínuo. Será que tem alguma empresa de vigilância? Seria uma boa naquela altura. Mas imaginei que não. O portão frontal além de alto era municiado de arames farpados e outros elétricos, então eu estava bem arranjado no intento. Subi até uma parte que dava para colocar os pés numa chapa fina que quase partiu meu chinelo de dedo em dois para depois de estar lá em cima ver a minha carteira cair. Aff… Antes de descer insanamente testei com o dorso da mão se a certa elétrica realmente estava ligada e vi que não. Ufa! Pelo menos algo.

Aí sim, segunda subida, essa com tudo certo, mas antes de passar para o outro lado eu ainda tentei acenar para alguém, chamar o Pio, famoso morador de rua q está sempre por ali e se encontrava dormindo num restaurante a frente mas nada. Tomei a decisão e então fui passando para o outro lado, parecendo um lençol no varal todo desengonçado e até que consegui depois de algumas escoriações devido aos arames farpados. Segui rápido para casa com o numero de celular gravado na cabeça para ligar para o dono do lugar no primeiro momento mas imaginem a cara da Michelle me ver chegar todo estropiado, sujo, molhado e indo direto para o telefone. Logicamente o dono do estacionamento ficou p. da vida comigo. E o pior é que só abria as 9 e eu precisava estar sem falta as 8:30 na UFRGS o que fazer? Fui obrigado a ficar de campana na frente do estacionamento até ter a sorte de alguém abrir o portão mais cedo e foi o que aconteceu. Um jovem casal entrou e logo fechou e eu tive que correr para entrar me abaixando para o susto deles. Expliquei a situação e consegui tirar o carro. Já no caminho o dono do estacionamento me ligou e enfim marcamos de nos encontrar para eu pagar o prejuízo da sua caixa d’água danificada.

A vida fora das comparações.

Existem tantas coisas que escrevo e acabo não postando aqui, mas essa realmente me deu vontade. Algo simples, que de tão simples é difícil de ser capturado, como aquela pluma que fica pairando no ar, indefesa, mas ao mesmo tempo despreocupada e ininterrupta.

Falo da vida sem as comparações, um potente exercício meditativo para controlar a ansiedade e acima de tudo buscar a verdadeira essência interna.

Somos treinados para comparar desde cedo, as cores, os sabores e tudo o que está na nossa volta. Com certeza um treino essencial para o aprendizado e para a evolução dele. As comparações servem para a vida prática e para a simplificação dela. Porém toda comparação é injusta por natureza, porque há sempre um detalhe que se não é desprezado é menosprezado.

Comparamos carros, cargos, condições e uma infinidade de coisas que nem sempre nos ajuda a ver o mundo como ele realmente é principalmente falando do nosso mundo interior.

Quantas vezes paramos para tentar nos enxergar sem as lentes das comparações? Quantas vezes relaxamos e paramos de comparar o quanto ganhamos com o quanto poderíamos ganhar, ou até mesmo o quanto somos felizes em comparação a alguém?

Muitas vezes precisamos nos comparar a outros para ver o quanto não somos tão “ruins” ou tão “bons” assim e uma posição intermediária nos conforta.

Todas as comparações nos desconcentram de quem realmente somos. Ela bloqueia a capacidade de nos admirarmos detalhadamente, acima de defeitos e/ou qualidades mas simplesmente por aquilo que somos e representamos para nós mesmos. Desmobiliza a nossa auto-crítica do centro, imprime uma falsa idéia de como devemos agir.

Galinhas…

Quando eu era bem pequeno, o suficiente para não me lembrar dessa história, e só saber dela por relatos familiares, eu chorava a cada vez que a minha mãe ia preparar uma galinha. Mesmo o bicho (ou bisss como diz o querido Mateus) estando ali morto, depenado, eu caia em lágrimas sempre que via a minha mãe de faca em punho com a galinha a sua frente. Desde quando eu lembro das coisas até meus 18 anos, meus hábitos alimentares foram pra lá de curiosos, para não dizer que eu era fresco. Nada podia conter cebola, nem mesmo triturada, molhos, enfim, eu comia bife, arroz branco e completamente branco e batatas fritas… ah.. e galinha… sempre comi galinha, asas, coxas, peito, uma delícia.

Voltei a lembrar que realmente amo comer galinha quando procurávamos ouro nas minas do Arroio Bossoroca e a Dona Clarinda fazia uma galinhada com arroz espetacular. Ela fazia tipo “bem molhadão” como pedia o Lenzi, onde as partes da galinha e o arroz praticamente boiavam num caldo delicioso, que quando era acrescentado queijo ralado fazia um estrago no estômago de tanto comer além da vontade saciada. De fato a minha mãe sempre cozinhou muito bem, e reconheço que o arroz com galinha dela que se caracteriza por um caldo alaranjado também ultra saboroso é quase imbatível. E nisso que eu pensava quando a minha namorada preparava ontem um arroz com galinha: será que terá como ficar a altura do da mama? Ficou! O dela ficou avermelhado, com um salgado diferente, ainda por cima que a covarde acrescentou um pouco de vinho… nossa,.. estou até agora com aquele sabor na “RAM”.

Voltando ao começo, logicamente eu não choro mais quando vejo uma galinha sendo preparada, mas também não tenho coragem de matá-la quando lá na Amazônia tínhamos que fazer isso para depois prepará-la. E honestamente até hoje o cheiro quando ela está sendo preparada não me apetece. Não acho certo comer galinha. Adoro, amo, mas não acho certo. Estava conversando com uma veterinária que é vegetariana, que viu vários animais sendo abatidos, e que dali em diante tinha virado vegetariana. Concordo com ela sem precisar ver os animais sendo abatidos. Uma bióloga que estava ao nosso lado disse que se pensarmos assim, nem mesmo os vegetais podem ser comidos porque também estamos tirando alguma vida, mesmo eles não expressando a dor. É verdade, e eu ao meu turno falaria dos minerais? Não é pra tanto, o que vale é a consciência de cada um. Esse é o ponto. O que falta para você ser o ideal que imagina? Disciplina? Geralmente sim. Claro que muitas e muitas vezes só disciplina não adianta, até porque o ideal é impossível de ser atingido, mas porque não fazemos exatamente o que a nossa consciência nos diz? Amo comer galinhas, mas não acho certo. O certo deveria prevalecer e não a minha vontade. Geralmente inventamos desculpas para permitir as nossas vontades, eu dizia que meu metabolismo é muito acelerado e por praticar muitos esportes eu precisava comer carne! Preciso de galinha! Até ler o livro “Nascidos para correr” e ver que ultramaratonistas, que correm mais de 80 km em condições climáticas que a maioria da população não agüentaria sequer ficar parado possuem dietas vegetarianas.

Esse post está muito grande já. Eu pretendia entrar em outra seara, de porque algumas coisas que não são certas a nossa consciência nos diz que são “mais” ou “menos” certas que outras. Mas essa vai ficar pra próxima. Por enquanto termino dizendo que falando em consciência, mesmo não achando certo, não me imagino não comendo mais galinha nessa vida.

Pequenos e grandes medos

Os pequenos e os grande medos são como pedras no caminho. Um grande medo é como uma grande pedra, que precisamos parar a caminhada, olhar, refletir, pensar, para depois transpor. Não conseguimos seguir a caminhada naturalmente com ele ali presente, bloqueando o passo. Já os pequenos medos não, estes são como as pequenas pedras que nos ferem superficialmente, como um tropeço um arranhão, mas que levamos o ferimento durante o caminho. Eles são tão imperceptíveis as vezes que nem sabemos sua existência, contudo agimos em conseqüência deles. Somos alertados deles através de análise, meditação ou de um amigo muito sincero que identificou e nos disse.

Um pequeno medo pra um pode ser grande para outro. A vergonha de falar em público, as aranhas, altura, de ser contrariado, ou repreendido, ou não aceito, de ser incapaz, enfim… Existe um sem número de medos, que são grandes ou pequenos dependendo do seu proprietário.

De qualquer forma geralmente baqueamos com os grandes e negligenciamos os pequenos, sendo que é mais provável conviver e se acostumar com vários pequenos do que encarar os grandes, em geral pontuais. Encarando ou não, o que fazer para superá-los? É possível mudar a conduta depois de anos? Como fazer isso cada um sabe o jeito, e na verdade só tem um jeito: encará-los.

 

Número do Processo DNPM

Valor da TAH em reais

810.682/2006

188,43

810.518/2010

2.065,81

810.791/2006

1.882,82

810.193/2004

3.870,64

810.195/2004 – em parcelamento

3.379,44

810.193/2005 – em parcelamento

4.923,54

TOTAL

16.310,68

Como você lida com suas limitações?

É impressionante como frequentemente ocorre-me de aparecer algo ou alguém um pouco depois de eu ter pensado no fato ou na pessoa dias antes. Meu amigo Rizzardo foi prova de alguns desses acontecimentos, me pedindo até que caso os números da mega sena tivessem a sua aparição nessa cabecinha inquieta e pululante, que eu lhe dissesse para ele apostar neles.

O rascunho do post já estava escrito quando dias depois me deparei com esse vídeo mandado pelo meu amigo e engenheiro Cyro, o cara que tá responsável pelas obras do túnel, figurassa, colorado que entende muito de futebol, ou melhor, como ele mesmo diz, sabe observar bem sem se infectar pela emoção.

Voltando ao post, estava lendo um belo livro chamado “Breve História de Quase Tudo” de Bill Bryson, aonde tem informações um tanto perturbadoras sobre a vida na Terra, quanto mais a vida do homem. Ao que parece a vida das espécies individualmente é algo raro e passageiro, muito passageiro. Como consta no livro : “(…) qualquer que seja o real (porcentagem), 99,99% de todas as espécies que já viveram não estão mais conosco. “Numa primeira aproximação”, como gosta de dizer David Raup, da Universidade de Chicago, “todas as espécies estão extintas”. Para organismos complexos, o tempo de duração médio de uma espécie são apenas 4 milhões de anos – mais ou menos onde estamos agora”.

A diferença entre nós e os demais organismos complexos, é que somos os únicos capazes a destruir a nossa própria vida, ou seja, nos autoextinguir. Não obstante a isso, a vida muitas vezes parece fadada a acontecer, independentemente das ambições, nós como humanos as vezes não conseguimos conceber essa idéia, continuando no mesmo livro o autor observa quando fala dos líquens: “Tendemos a ignorar esse pensamento de que a vida simplesmente existe. Como seres humanos, estamos propensos a achar que ela precisa de um objetivo. Temos planos, aspirações e desejos. Queremos aproveitar ao máximo a existência embriagante de que fomos dotados. Mas o que é a vida para um líquen? Todavia, seu impulso por existir, por ser, é tão forte quanto o nosso – possivelmente até mais forte. Se eu fosse informado de que teria de passar décadas como uma cobertura felpuda de uma rocha na floresta, acho que perderia a motivação para continuar vivendo. Os liquens não perdem. Como quase todo o ser vivo, eles sofrerão qualquer adversidade, agüentarão qualquer insulto, por um momento de existência adicional.”

Isso, porque como no livro mesmo diz, os liquens precisam geralmente de meio século para ficar do tamanho de um botão de uma camisa, e simplesmente existe, mais nada, em compensação agüentam muitas adversidades o que vem lhe concedendo um grande tempo de existência na história geológica da Terra.

Mas voltando a nossa vida, o pensamento é o seguinte: como lidar com as nossas limitações? Como enfrentar a certeza de que não podemos ter ou ser tudo o que queremos? Se pudéssemos, como no filme Matrix, simplesmente plugar um cabo na nossa nuca e em poucos minutos ou horas virar um mestre das artes marciais, ou da culinária, ou do violão, ou de qualquer coisa, como seria? Estranho é claro, filosofando com a ficção, obviamente a maioria das coisas que queremos o caminho faz parte da satisfação, da felicidade, mas isso não exclui as recusas que temos que fazer pois o tempo que dedicamos a algo é limitado, bem limitado.

Então para quê e para quem nós vivemos é algo a ser meditado, porque não podemos ser tudo e nem liquens…

Enfim o fim…

Enfim o fim. Depois de quase três meses eu volto a escrever porque além da falta de tempo havia também a falta de vontade de escrever qualquer coisa, como se a minha mente estivesse infectada por um vírus, incapacitada de articular qualquer raciocínio mais ou menos interessante. Tudo isso por causa das eleições. Acho que nunca tinha visto uma eleição tão enfadonha e sem graça, mesquinha e covarde como essa. Já tive partido, já segurei bandeira, mas desisti em prol da minha saúde mental, porque não dá para crer na política de um país que elege um goleiro, um goleador problema e um palhaço para deputados.

Brincadeira tem limite, o povo brasileiro não, como eu li em um texto atribuído ao Arnaldo Jabor aonde ele aponta as possíveis qualidades do povo brasileiro que na verdade mascaram defeitos graves de pensamento, de filosofia e da maneira de agir. Espero que esse belo texto tenha circulado por aí para refletirmos, outro que li sobre as diferenças entre os países, etc…

O pior de tudo é aguentar alguns querendo defender este ou aquele candidato, como se fosse uma guerra de vida ou morte, e postando textos em todos os lugares possíveis. Eu quase desisti de ser membro de um grupo de geologia porque a todo momento tinha um engraçadinho dizendo que postou sem querer um baita texto sobre tal candidato, ou dizendo que as regras do grupo para a não manifestação política poderiam ser quebradas porque estaríamos num “momento importante” aff… e alguns consentem ainda…

Bom, mas graças ao tempo isso passou, falta agora passar a frustração por eu não ter ido ver o show do Paul McCartney, mas isso também o tempo vai se encarregar de curar. Otimista como sou sempre, espero que independente dos acontecimentos, o melhor ocorra para tudo e para todos, pois as vezes a lição é mais importante que o fato em si.

O frio e a paixão são psicológicos?

Algumas semanas atrás, até porque agora nem frio está, eu observei uma cena interessante no Campus do Vale da UFRGS. Eu estava fazendo um curso de quantificação das características e texturas em lâmina delgada através da digitalização e aplicação de fórmula matemáticas em um programa. Sim, bem complicado eu sei. O fato é que passava a maior parte do dia dentro da sala e nas poucas saídas de coffee break e lunch, eu fiquei curioso com a falta de frio de algumas pessoas que passeavam de bermudas e chinelos, muitas vezes de toalha na cabeça como quem recém sai do banho, aparentemente tranqüilos.

Bem, Porto Alegre pode não ser a cidade mais fria do Brasil, mas com certeza o RS é o estado que mais faz frio no Brasil, e aqueles estudantes que andavam por aí deste jeito eram participantes de algum congresso ou de algum evento do tipo. Fiquei analisando aquilo e lembrei-me da frase que sempre alguém diz quando está frio, que o frio é “psicológico”. A melhor resposta que ouvi foi “ah eu quero um psicólogo” uma vez que, por estar sem luz e sem água resolvemos tomar banho no pit abandonado de uma antiga mina de ouro.

Mas, como a mente interfere em tudo, não duvido que o frio pode ser mais ou menos intenso conforme a nossa percepção. Ao observar aqueles estudantes eu via que eles estava absortos no lugar, nas novidades, no evento, ou seja, estava tão ocupados procurando os detalhes que o frio parecia não importar. Inevitavelmente fiz um paralelo com a paixão. Como é difícil sentir as “intempéries” quando estamos apaixonados. Frio, calor, fome, sede, defeitos… nada disso parece atingir a nossa carne e a nossa mente, porque o foco é simplesmente o sentimento bom que nos aprisiona e nos motiva.

Nesse contexto só existem três caminhos: evitar, avançar ou meditar…