Poemas

O que a minha mente conseguiu garimpar da pouca ternura do meu coração

PENUMBRA

Aturdida as sombras da injúria
calúnia, fúria, devassa…
Abraça o fel que criaste
Destoa as cores que pintam
 
Fabrica o castelo de areia
Pisa, assopra, profana,
Insana, teu gemido me inspira
Castiga as fímbrias tremidas
 
Apareça em meio a escuridão
Chafurda atrás da pérola perdida
Desdita doa a fruta proibida
Me acha pra sempre sem fitas…
 

ENIGMAS

Nas perguntas que me faço,
Acho as luzes que me cegam,
Distante ao tato úmido
carregam velas inacabadas
 
Atraso nas respostas inválidas,
Sábias constatações vagas,
Andam por labirintos sem fim
com o propósito de se mudarem
 
Cores desbotadas na janela,
cancela com a fechadura quebrada.
Abraço trancado pelo vento,
sereno enigma encantado.
.
.
.
 

EMBARCAÇÕES

Embarcado em teu olhar,
aponto minha luneta para teus pensamentos…
Intento perigoso e inevitável,
afável deslize de dedos…
Vejo em tua face o suspiro,
inspiro a confiança em um beijo.
Em claro calculo as distâncias,
em milhas, em metros, em nado,
e nada altera o meu norte.
.
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.

DA ALMA

Acalentado deitado em teu peito.
Extinta a força em suspiros.
Entrego-me de corpo e alma.
As tuas mãos compenetradas.
.
Resisto a frases veladas.
E digo, repito, confesso.
Sem pressa te embalo e alinho.
Tua alma em compasso na minha.
.
Querida dos meus versos inquietos.
Despertas o melhor de mim.
Em sonhos de olhos abertos.
Ou apagado em noites sem fim.
.
.
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INESGOTÁVEL

Não consigo te explicar o meu querer-te,
porque ele é inesgotável…
Não sinto, não alcanço,
apenas transmito,
intermitentemente…
Como uma fonte cristalina,
alinhada em verdes vales,
semente e fênix,
imortal e reciclável,
insistente…
Penso, invento, insisto…
Não faço força, acaso..
Sai de mim mais natural que um expiro…
Mais forte que um abalo…
.
.
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MONTES E TELAS

Em monte, em telas distantes
Avante o desejo indiviso
Sorriso, semente, serpente,
em frente no meu sacrifício
.
Aparto os golpes do invisível
Nas brumas do sonho gelado
De lado tuas costas serenas
Encosto em teu rosto calado.
.
Nomeio entre vãos e lacunas,
os motivos das preces rezadas.
Em busca das mãos e das unhas,
atento as tuas partes amadas…
.
.
.

FURACÃO

A toa em devaneios amargos,
Separo os traços borrados,
Pela sombra da lua ofuscada.
.
Espero com olhar paralisado,
A fúria do furacão que se aproxima,
Calculo a sua força no silêncio do momento.
.
Desdenho,
Tormento, tornado maior,
Está dentro de mim.
.
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NOVEMBROS

Não troco mais as gargalhadas,
pela paz do meu templo.
Contemplo distante silhueta,
que abandonei sob o peso da pureza.
.
Leveza incerta em seu exercício constante…
distante do passado glorioso,
o oposto do tempo revelado,
ditoso silêncio esquecido.
.
Ao algoz que me acompanha ao passo,
recompro minh’alma guardada.
Espada, suspiro, compasso…
Em novembro, mais uma batalha.
.
.
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CHUVA E SENTIMENTOS

Chuva perene,
De laços indivisos,
Ausculta as batidas do coração,
Aumenta em riscos meu calor.
.
Afagos de interminável eletricidade,
Aonde cabe teu toque constante,
Em transe meu pensamento te procura,
Ternura, loucura, saudade…
.
Com os olhos vagos,
em pensamentos calados,
Um sorriso se dilata,
Ata tua mão na minha,
Acata a voz d’alma,
Acalma a fúria do teu corpo,
Repousa tua cabeça em meu peito.
.
.
.

MELODIA

Melodia do dia,
Incita minha dor em pensamentos,
Inventa uma nova morte,
Clareia o impasse do caminho.
.
Espinho, tateia minha dúvida,
Absurda em retratos colados,
Em busca do colo que descansa.
.
Melodia,
Acusa meu doce sentimento,
Altera o veneno do vento,
Desafia num canto minha natureza
.
.
.

SOL

Sol da minha vida,
Ilumina meus desejos secretos,
Incertos como recentes lembranças
Nos vacilos dos meus versos
.
Sol,
Irradia minha doce quimera,
Na espera do dia distante,
No instante que guardado me espera.
.
Sol,
Aquece minha amada de prata,
Dourada em teu banho noturno,
Absorvo suas feições em gemidos,
E em silêncio, espero…
.
.
.

MONTANHAS

Difícil montanha de fel
Que insisto em suportá-la
Além do portal que avisto
Invisto na alvura da mente
.
Oculto desejo consumido
No fim que lhe é inevitável
Subindo novamente a montanha
Há ainda um imenso horizonte
.
Explorando a paisagen,
Abandonando o cantil,
Buscando a curiosidade
Iluminando o caminho.
.
.
.
 

DAQUILO QUE EU SINTO

Mais um pouco da tua atmosfera,
e em um segundo estou na cena…
Aceno ao vento,
Ao pássaro que me visita
.
Saudade…
Daquilo que eu sinto,
Na presença do distante,
Ainda assim treme meu peito.
.
Deito ao sol e canto,
Se é encanto ou entendimento,
aperto e aproximo a lembrança
e te vejo em suspiros…
.
.
.

MOMENTO

Não basta a musicalidade me visitar,
Se você não está aqui…
Pretendo com injúrias consolar-me,
E me desgarrar do momento.
.
Ao vento meus desejos são lançados,
Como lâminas cortantes na escuridão,
Em vão, tateio o infinito,
E imito teu sorriso sem som…
.
Proponho uma trégua,
Tomo água,
Duas da tarde,
Três da madrugada,
Em que momento?
.
.
.

DESVIOS

Em verde costuro os meus recados,
Abraço a árvore que me comove,
remove a fúria do sangue que me pertence,
Renova as cartas que foram queimadas…
.
E escrevo,
Descubro em teus lábios,
A mais profunda tradução,
Não apenas emoção…
.
Sinto,
Pressinto o teu cheiro antes do encontro,
Acordo em plena madrugaa,
Afastado de meus pensamentos,
E procuro as minhas lembranças…
.
.
.

CONTORNOS

Aperto teu peito contra o meu,
Torno real o meu desejo,
Contorno tuas formas com os dedos,
Me apresso em encontrar teus lábios.
Enlaço o teu abraço,
Aqueço o teu entorno,
Pressiono aquilo que pede liberdade,
Na forma de gestos velados,
Te olho com olhos calados,
e passeio pelo teu contorno.
Retomo a razão,
E retorno ao início,
E escuto um sussurro que diz:
De novo.
.
.
.
 

SOPRO

Inebriado em doces lembranças,
Esquento a boca em tuas mãos,
Espero-te em paz em companhia da noite…
Em claro aguardo teu verso,
Teu gesto me cativa,
Induz um sopro de conforto,
E te encontro de peito aberto…
Desperto do obscuro,
Mas ouço a sua voz.
 
 

4 Respostas para “Poemas

  1. Nesse momento ?
    Proponho um chá ao invés de água
    Um chá de cor vermelha
    Um chá para aquecer e acalmar nossos corações

    E se a musicalidade insistir em te visitar
    Imite o sorriso, ao menos ele terá um som
    Quem sabe o consolo seja doce
    E não jogue veneno no teu coração

    Também proponho uma trégua
    E ao vento, também jogo meus desejos
    E nesse momento o maior deles é que eu tenha a coragem de te oferecer uma xícara de chá

  2. Bem bonito teus poemas…parabéns!

  3. SEUS POEMAS SÃO MARAVILHOSOS, VC JAPUBLICOU ELES EM UM LIVRO, FAÇA ISSO, SÃO PERFEITOS.

  4. To sentindo falta dos teus poemas, com certeza deve ter mais para publicar, faça isso….muito beijos

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